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domingo, 19 de dezembro de 2010

VIAGEM

Teus lábios me provocam assim sorrindo,
Mas sem te ver sorrir não sei viver
E, o tempo que te roubam de meus olhos,
Traz-me tantas saudades e uma grande ansiedade,
Que eu quero logo é te encontrar!

Este vício de te ver me faz muito feliz,
Se não te vejo logo, até sinto-me morrer,
E o teu olhar, tão terno, que me adoça a vida,
Enche-me todo de tantos desejos
Que me obriga a sonhar com teus beijos.
Ah! Como gosto de te amar!

SANTANALIZANDO




Sou Santana, do Amapá nasci,
Sou ilha, continente à base do equador,
Cheia de mistérios minha mata
É fonte de riquezas mil,
Meus rios também tão ricos são
E, o mundo pode ver fluindo em minha vida.

Santana sou eu, tão bela nasci,
Ao mundo de Deus, sou Santana!

Compromisso com este meu lugar,
Meus filhos, conscientes do que vou fazer,
Cantam a harmonia da cidade,
Contam toda vida do meu povo,
Minha cultura e minha saúde,
Santanense tem educação,
A minha cidade é muito linda
Já fui zona franca?

Santana sou eu, tão bela nasci,
Ao mundo de Deus, sou Santana!
Do Amapá a porta de entrada sou eu!
Do norte a mais bela cidade sou eu!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

MUTAÇÃO

Cai à noite
E a lua entra em desespero,
Quando um sono mais forte
Abraça e te leva para a cama,
Entre cardumes de sonhos
Entrega-te ao ninar.

Meia a noite
E a lua é uma pilha só,
Chispando seus raios, prateados,
Impõe-se de penetra
E te encontra excitada
Nos braços de um sonho tão lindo.

Finda a noite
E a lua orvalha tristezas,
Sozinha e entregue à loucura, se desespera,
Imaginando que acordarás para o sol,
E encontrarás a relva ainda molhada
Pelos prantos, do ciúme desta paixão ignota.

OBSTINAÇÃO

Embrenho-me na Ubaldo à noite
Em busca de coisas novas,
A fim de libertar-me deste tédio,
Que teima em incomodar-me,
Mas só encontro negrume,
Às vezes, de quando em quando,
Um ponto ou outro de luz,
De um pirilampo solitário,
Ou de um cigarro viciado,
Que passa de boca em boca,
A fim de todos ali se ligar.
Outras vezes, um gemido discreto,
Assim, de um casal apaixonado,
Ou mesmo um amor comprado,
Na beira, para ver o prazer chegar,
Após o violento galope que não vi
E nem quero ver, nunca mais,
Só quero continuar procurando,
Na Praça Cívica, não sei nem o que?
E já nem sei mais o que há por aqui,
Mas se vejo um brilho metálico,
Volto sobre os passos mal dados,
Temeroso demais de morrer,
Assim volto à boca da noite,
Com a certeza de não me encontrar,
Mas continuo pedindo à Santana,
Algo assim:
Abraça-me ó lua
Com teus raios prateados,
Faz de meu peito um criado
Para servir a teu luar!

sábado, 21 de agosto de 2010

JUÇAREANDO

Dança a irreverente folha ao vento,
Num estranho e lindo ritual,
Qual coreografada a mãos divinas,
Brilha a esbelta ninfa da Amazônia,
Sangram os olhos negros de iuacá,
Borbotões, cascatas de sabor,
Chamam ao paladar filhos da terra,
Eçabara, cainã te encontrou!

Um jamaxi caiuá da folha fez,
Para a carga leve mais ficar,
Durante a caminhada ainda desfruta
Do bom gosto das frutas que colheu,
Ao palmito tupã, por que te matam?
Se tão menor porção nos pode dar!
Katiba a ceuci entrega a alma,
Ao ver sahy nos olhos de baíra.

Açaí, bem sei, açaizeiros,
Igapó, tijuco é teu lugar,
Tuas folhas guardam o guahytí
Aonde a majuí vem descansar,
O tucano tem comida farta,
O sabiá deleita-se ao prazer,
É meu prazer também beber teu vinho,
Provar uma vez, nunca parar mais,
É néctar dos deuses qual tupã,
Ibiacy jamais deixa faltar,
Miraíra adoça-me o manjar,
No alguidá, o sangue do Amapá.

AS SOMBRAS SÃO

A Amazônia tem seus encantos,
Suas lendas e seus mistérios,
Que protegem e assombram a floresta,
Que nos causam arrepios
E muitos, só de pensar,
Assim é nossa mata, ou quase mata!
E o medo? Vem do nada, vem do tudo,
Da sombra de um anhingal,
Quem sabe de um aturiazal,
Ou mesmo de um açaizal!
Donde de repente ecoa um grito,
Um longo assovio, estridente,
Seria uma gargalhada macabra?
Nem se sabe o que se entende,
Mas sabem sim, os seres da floresta.
Que as sombras recriam a luz
Num resplendor de assombrações,
Que trazem o pavor, aos olhos,
No descerrar de nossas visões,
Levando-nos assim, do encantado, quem sabe?
Para os domínios de tupã.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TREJEITO

Tanto à que desfila ante meus olhos,
Com tal elegância, a vi voar,
Geometricada o afã só traz-me,
Qual que desenhada ao meu prazer,
Ser seqüenciada ao que me dizem,
Como se não soubesse o que fazer
E bem antes que o degelo a contamine,
Chega-me um sorriso a ovacionar,
Cobre-me com um olhar feito trapézio,
Vendo-a me sorrir, Faz-me sonhar,
Mesmo que este canto só me encante,
Busco-me num mar que se afogou,
Roubo-me ao seu meu pensamento,
Sinto à que me possa respirar,
Sou tão mais eu, sim, neste momento,
Ser você? Quem me dera possa ter.

ENCANTO

Tinjo o céu em tons diversos,
Na poesia que me aconchega,
No recompor da prosa aos versos,
Numa alvorada, doutro amanhecer.

Qual desenhar um canto enluarado,
Às redondilhas irrompem a dó maior,
Massificando aquele amor só nosso
Num dedilhar de acordes incidentais.

Meu amor, tu sabes que me encanto,
Aos beijos, vejo em ti meu sol nascer,
E me dedico todo ao gorjeio do prazer.

Deliciando-me aos tantos teus carinhos,
Há todo canto sinto-me ao teu ninho,
E agradeço sempre a Deus, teu existir.

domingo, 27 de junho de 2010

DESCASO

Sombras de tristezas cobrem-me a alma,
Negras nuvens fumam-me o céu,
Enquanto pés descalços pisam o barro,
Casas quantos me podem morar?
Sou socorro aos gritos quem me ouve?
Foice à esperança do viver,
Converter-me à morte quem me espera?
Terra, quantos palmos posso ter?

Ser enlouquecido de arma em punho,
Tiro a esmo, quantos posso ouvir?
Terra se deixou a quem precisa,
Como se delega a um filho seu,
Só se filho desta não ser nunca,
Incompreender-me à vida à que fiquei,
Ser expulso dum palmo de terra,
Ser mandado a sete, que me der!

Sonhar, por que sonhar?
Quem me daria um prato de comida,
Ou um punhado de chão para plantá-lo?
Procurar sentido nesta vida,
É degustar sabores que não os quero,
Enfrentar tais feras peçonhentas,
É pedir para ser pisoteado,
Ser sem terra, ô sonho desgraçado!
É comprar a morte a prestações,
Cada invasão é uma parcela,
E torcer para não ser sorteado,
Mas a sorte às vezes é um açoite,
Como posso desta escapar?

CHOREIO

D’águas desta grande às vidas desgraçadas,
Roubam no silêncio os sonhos favelados,
Sem contar com a sorte implora a criancinha,
Gotas de piedade duns tais colarinhos,
Quais doenças todas vindas de enxurradas,
Nadam insorte a esmo aos surtos lhe imputados,
Abrigados aos lobos que lhes escarneiam,
Disputando aos nacos podres que os saciam,
Dos que mandam sempre um pouco do que tem,
Mas a lei arcaica emperra antes que chegue,
Ao bom samaritano a quem se faz chamar,
Ficam com a metade do que aqui chegou,
Se quisera estar à pele de uns carneiros
E ver-se atropelado às pontes deste ovil,
Qual publicidade a muitos sendo usado,
Numa de ajudar, mais nome ao que vier!

Cantos de tragédia, aqui se cantam aos pobres,
Notas de um profundo silvo acalador,
De quem da morte ao dobro sente-se inspirado,
Pouco ainda se importam as falas pela dor,
Deste rio que encanta ao gosto do garimpo,
Ronca Santo Antonio a um palmo de nos dois,
Mas só laranjal se enluta na desgraça,
Só se arreda o pé na última a teimar,
Mesmo que perdido todo o adquirido,
Voltam na vazante tudo a construir,
Qual que obcecado ao cais que se acostumam,
Até prostituir-se a faz profissional,
E aquela criancinha hoje é quase dona
Dum covil que engole a tudo e, muito mais.

DELÍRIOS

Num porto presente do mar da saudade,
Atraco os meus olhos num doce avistar,
Enquanto as quimeras me trazem esperanças,
Repasso as lembranças que voam até mim,
Dos sonhos que chegam de tais pensamentos,
Refletem momentos que nunca os verei,
Embora os desejos me levem à loucura,
Só sinto ternura por ter este amor,
Das tantas palavras que morrem a meus lábios,
Mil frases se trombam querendo sair,
Mas como vou dizê-las a quem vejo ao longe,
Só beijo um sorriso de um rosto que vi,
Que chega e seduz-me a viajar noutro mundo,
Enquanto me afundo num mar de ilusão.

Viagem

REBORDO

No disparo de um motor,
Ficam praias, ficam ilhas,
São canoas desvalidas,
São crianças desnutridas,
Num pedir de quem passar.

Roncos de águas em marés,
Ao horizonte corriqueiro,
Que se espalha à minha frente
Ante a nau, é ferro, é pau,
Deslizando qual serpente.

Claridade distorcida
Fazem à vista, posso ver,
Solidária vem chegando,
Por meu céu se espalhando,
Bem a pino, o sol prevê.

Reviaja à rebeldia,
Popa à proa a passear,
Como lendas ribeirinhas
Desbotando sem por que,
Sangra de óleo, enodoa a tela,
Nas marolas que se vê,
Respingados surgem ao longe
Num aproximo devagar,
Cruzam ao lado com seus gritos,
Acenando sem parar.

MACAPARABAIXO

Conhecer muitos e belos lugares deixa qualquer ser humano envaidecido, principalmente se estas cidades ficam espalhadas por vários Estados ou Países, assim, toda e qualquer pessoa, de posse ou não, busca este privilégio, viajar e viajar, conhecer o mais que puder e relatar seus conhecimentos aos quatros cantos do Mundo.

Inspirado por esta condição, todos que possam andar em qualquer forma de transporte, fala em botar o pé no mundo. Assim fizeram os portugueses, os espanhóis, os holandeses e todos os mais, conquistadores, da idade média, sem falar nas lendárias histórias das viagens da idade antiga, como a, da procura das minas do Rei Salomão.

Diz-se até, que a madeira de cedro usada na construção do Templo de Jerusalém, construído por este Rei, era extraída daqui, da Floresta Amazônica e, quem sabe se não foi até de Macapá? Não querendo colocar esta cidade como um ponto de estudo desta ou daquela lenda, mas “é melhor puxar a brasa para a sardinha da gente”.

Apesar de ninguém ter a certeza de tudo isso, sabe-se que: estando o Município de Macapá situado à entrada do Amazonas e, que Colombo quando de sua viajem aportou no Caribe, “chuta-se” que se outros viajaram nesta mesma direção, teriam também chegado ao litoral brasileiro, precisamente na costa do Macapá.

Deste modo pensa-se por aqui, que o primeiro lugar do novo mundo a ser visitado por outros povos, que não os Índios, nativos das Américas. Eu acredito que foi aqui, no Município de Macapá, onde foram recebidos pela nobreza da comunidade Tucujú e todos beberam vinho de bacaba, fresquinho, com camarão pitú assado na brasa.

Entretanto, não se saciando com toda a comidagem nativa, devem ter se esbaldado com a deliciosa paisagem local passeando pela praia, marabaixo, com as mais belas moças, da prole dos grandes guerreiros tucuyussus, desta nova terra, de grandes árvores e animais jamais vistos pelas terras do velho mundo.


Dentre tudo o que se viu por aqui, nada deveria ser deixado de levar, por isso devem ter levado madeiras, animais para comer em viagem e para criar de estimação, ouro, pedras e nativos, é claro, de ambos os sexos, não se sabe se para escravizar ou apenas como um troféu de suas conquistas, pelos mares longínquos.

Estar com 248 anos, não é para qualquer um, ainda mais, chegar a esta idade com este ar de juventude estampada no semblante. Ainda bem, que se fosse colonizada pelos primeiros visitantes, já estaria com milhares de anos, mas nessa juventude. [Pode-se dizer que além de linda e cobiçada por tantos, só pertence a um, o Povo do Amapá].


Sentados a Beira-Rio, o macapaense se isola do mundo, pois sob aquele vento, vendo aquele bater de água no quebra-mar, sente-se em outro mundo, no paraíso deixado por Deus aqui nesta Terra, de São José de Macapá, no meio do Mundo, então se adentra aos seus pensamentos. Feito àqueles artistas que se sentam ali para compor.

Ãh! Boquiabertos ficam todos aqueles que chegam por aqui, pois imaginam este lugar como uma aldeia pré-histórica, mas vêem uma Metrópole linda e cheia de gente hospitaleira, Índio sim, mas Índio escolado, formado em universidades nacionais e estrangeiras, mas a maioria forma aqui mesmo, na UNIFAP, que é da terra.

Outras vezes estes visitantes até surfam na Pororoca, ou sonham com esta proeza, vendo aquelas pinturas que adornam as casas e outros lugares da cidade, como na Casa do Artesão, naquele Wagner, onde a Pororoca só falta sair da tela e banhar os espectadores, que absortos nos detalhes fixam aos olhos como que querendo mais.


Já se pode saborear o açaí com camarão, sentado numa das barracas, de frente para o Rio Amazonas. Isso é uma dádiva divina, mas não se sabe se quem o faz, faz por prazer ou, se já é um viciado, destes que não conseguem dormir, sem pelo menos provar um pequeno gole do precioso vinho, que encanta de vez a quem o beber.

Ouve-se pelos bastidores, que tem gente que nem almoça, quando falta o açaí na mesa, por isso bate-se (fabrica-se) esta iguaria duas vezes por dia, pela manhã, para o almoço e a tarde, para o jantar. Nos restaurantes bate-se durante o dia todo, pois só assim poderia atender toda a clientela, que sempre procura este manjar dos deuses.

Sempre que falta o açaí (na entressafra), o sofrimento é grande na cidade, só se ouve reclamações, não importando a classe social, pois se não tem o produto, nem adianta discutir nas batedeiras (onde se fabrica a iguaria), já que as palmeiras não fazem milagres, a safra é no momento certo e quem quiser que estoque a polpa em casa.

É um orgulho para qualquer macapaense possuir pelo menos uma palmeira de açaí (açaizeira) em seu quintal, mesmo que as frutas colhidas nem dê para fazer um vinho, mas este sentirá o prazer de comê-los com açúcar e farinha, roendo cada caroço com o se este fosse o último da terra. Pelo prazer de tê-los colhido em seu quintal.


Durante muito tempo se ouviu falar de uma Vila chamada: São José de Macapá, onde portugueses reinavam, onde os tucujús nasciam e cresciam junto na floresta, antes de serem extintos, por estes mesmos portugueses, que se não puderam escravizá-los, então acharam que não tinham mais qualquer serventia para o mundo.

Entretanto não imaginaram que daquela Vilazinha, sem quase importância, desabrocharia esta linda Cidade, que hoje enche de orgulho seus cidadãos e visitantes e enche os olhos de quem a vê, crescendo e se desenvolvendo para o Mundo, que agora briga para posar ao seu lado ou quem sabe desposá-la ao sabê-la linda e rica.


Manter-se assim mais bonita a cada dia, não é um trabalho fácil, pois sempre haverá aquele que morrendo de inveja tenta destruir ou desprestigiar quem quer que seja que ameace sua posição, mesmo que esta nunca tenha sido sua. Esta Cidade é a mais linda e a que mais cresce nesta imensidão da Amazônia.

Ainda bem que o povo macapaense é orgulhoso e sabe que este lugar, é o seu Paraíso, assim busca em tudo uma forma de se destacar na multidão, se não com sua arte, então com a arte de fazer a arte, pela arte. No Teatro das Bacabeiras, na Casa do Artesão, nas Escolas, na Beira Rio, na Rua, em qualquer lugar que possa entrar.

Compondo as mais belas canções os poetas brincam com todas as letras do nome da Cidade, assim como também as letras do alfabeto, divagando entre a prosa e o verso, construindo uma relação poética da Cidade pelo povo, pela cultura, pela religião e por todos os cantos que possa identificar qualquer forma de pensamento.

Apesar de seus quase dois séculos e meio, nunca a chame de velha, anciã ou mesmo de idosa, pois entre todas as capitais, Macapá está entre as mais novas e das mais novas é a mais desejada por todos aqueles que pretendem viajar pelo norte do Brasil, sem contar que é a porta da Europa, pela Guiana Francesa.

Procurar um turista em meio a tanta gente na Festa do Marabaixo não é trabalho difícil, pois de cada dez pessoas que se encontra ali, pelo menos duas são de fora da Cidade, do Estado e do País. O Marabaixo não é só a mais bela festividade do norte, como também a mais completa das festas afro do Brasil.

Ápice da beleza é o que se vê ou o que se diz de uma Cidade quando se conhece por dentro e por fora, às vezes pode ser interpretado como bairrismo, porém não existe ninguém que venha a Macapá e saia falando mal desta cidade, até porque viver nela ou conviver com ela é um privilégio para qualquer um. Brasileiro ou não!

Ainda assim se fala que enquanto o tempo se faz dia na parte de cima da América do Sul, à base de uma, tal, Linha do Equador, onde o sol descobre-se ao Equinócio, a pino, nem sempre a hora ou o clima é o mesmo nas outras partes do mundo e, muito menos no resto deste, quase, continente chamado Brasil.

Brincando, diz-se que aqui é o começo do Brasil, talvez seja por se estar localizado na parte de cima do País, em qualquer mapa deste continente e, a porta de entrada da América do Sul por ser esta a única capital que nasceu e cresce as margens do grande Rio Amazonas, o maior rio do mundo.

Como falar bem de uma bela cidade, não importando seu tamanho, sua localização ou mesmo sua importância para o resto do País, se não falar de sua cultura e de seus pontos de evidência em todas as áreas de representatividade no contexto turístico nacional, de sua arte e de seus artistas?

Durante toda a faze de crescimento populacional, comercial e industrial da Nação, esta Cidade estava no topo de qualquer gráfico de todas as estatísticas que se via por aqui, pois a ICOMI conseguia ser maior a jazida de manganês deste continente e, com suas importações elevava o PIB Nacional para o topo destas estatísticas.

Embora se tenha o maior forte das Américas, este nunca deu um tiro sequer para defender estas terras de vastidão inimagináveis, para a época da sua construção, mesmo assim sua imponência e sua imagem que se faz impressionar, quando visto do mar, espantaram qualquer um que ousou pensar em atacá-lo.

Foram os portugueses a colonizar este estado, porém muitos outros povos por aqui passaram antes e depois do descobrimento do Brasil, deixando ou não por aqui suas marcas físicas como fortes ou vilas e, ou escritas como diários de bordo dos navios que viajavam o mundo em busca de riquezas para seus reis.

Grandes foram os Índios Tucujus nativos destas terras, grande nação, dizimada pela ganância de algumas pessoas que por este ou aquele motivo os levava ou os matava, sem importar com suas vidas consideradas inferior até mesmo pela igreja, que ao invés de se preocupar com as almas só pensava em seus cofres.

Homem como Janary Nunes, vira lenda, pois mandar fotografar pessoas garimpando em plena Avenida Cândido Mendes e enviar para todos os jornais do Brasil, foi uma forma inusitada e esperta para trazer gente de todos os lugares deste país a fim de aumentar a população da cidade urgentemente, como queria.

Incentivar e buscar o crescimento de uma cidade é uma forma de trazer desenvolvimento para a mesma, assim como trazer pessoas de grande cultura entre todos aqueles que migram para este lugar, significa proporcionar o crescimento de maneira uniforme, em todos os degraus da escada social.

Jogar para o alto toda uma história é o que poderia ter acontecido com esta Cidade e com este Estado, a partir do momento em que os políticos dispuseram a trocar as principais datas comemorativas, porém a data de aniversário de casamento não pode ser mais importante que a data de aniversário de nascimento.

Levar a fama de desalmado ninguém quer, por isso algumas datas continuaram a ser lembradas e comemoradas, porém outras quase que já caíram no esquecimento deste povo que em maioria, nem sabe de quais datas se está falando e muito menos do que se está reivindicando nestas quadrinhas primaverais.

Macapá é tudo que se tem de bom deste lado do Brasil, ainda assim, busca-se algo ainda melhor para que faça dela a maior e a mais bela metrópole da Amazônia, já se pode dizer que esta Cidade representa a porta de entrada do Brasil para a Europa, pois está situada ao lado das Guianas: Francesa, Inglesa e Holandesa.

Nascer às margens do Rio Amazonas a zero grau da Linha do Equador, não é para qualquer um, por isso todos que nascem por aqui são privilegiados de nascimento e podem dizer de coração aberto que são macapaenses do papo amarelo (legítimos como os rifles, que antes por aqui se usava para caçar), devoradores de açaí.

Onde se come o melhor e o maior camarão de água doce e se toma o melhor vinho de açaí? É claro que este privilégio só se tem aqui nesta Cidade, quem quiser degustar destas iguarias precisa vir e, ou mudar-se para cá, de outra forma jamais saberá ou poderá sentir do prazer de saborear tal preciosidade culinária.

Para quem não sabe, existe um dizer muito antigo por estas bandas, dizer este, que virou uma filosofia pregada por todos, para todos que por aqui passam e, ou param, “quem bebe das águas do Rio Amazonas jamais as esquece, se voltar a sua terra natal logo estará de volta, pois esta água vicia suas entranhas”.

Quantos foram os que daqui saíram e logo voltaram se por este ou aquele motivo, nunca se sabe, talvez nem mesmo eles saibam, mas uma coisa é certa, ainda continuam aqui e continuarão por muito tempo ainda, fincaram suas raízes fizeram famílias e agora dançam marabaixo ladeira acima corretamente.

Recordar o tempo em que se chegou aqui é cultivar uma grande saudade desta terra, sem nem mesmo sair dela, enquanto se bebe uma gengibirra, ali na Beira Rio, somente para afugaiar os pensamentos, que com certeza vão desde o Curiaú até a Fazendinha e da Vila do Coração até a Praça Zagury.

Separar os negros dos brancos, dos amarelos, dos índios, dos mestiços, dos mamelucos, dos macapaenses, dos nortistas e, ou dos brasileiros que aqui vivem é um serviço muito ingrato, pois todos por aqui com certeza possuem um pouco de cada uma destas raças aqui citadas e mais algumas que nem se sabe, mesmo.

Também com tantas raças a influenciar no produto final do macapaense só podia inclinar-se a ter as pessoas mais lindas do mundo, na verdade a tucujucidade inserida no sangue deste povo reflete-se na personalidade e na beleza física e cultural, o que além de enobrecê-los, destaca-os em qualquer moldura que se apresente.

Ultimamente se fala muito em turismo, mas os grupos de dança eram muito mais numerosos na década passada, agora quase que acabaram, assim como os grandes festivais de danças, que lançavam todos os anos novos grupos no mercado e divulgava a maior identidade cultural desta Cidade, o MARABAIXO.

Vivenciar o ritual que se desenrola e se desenvolve no Laguinho, na Favela e no Curiaú é um privilégio de quem passa por aqui nesta época e de quem mora aqui, nesta Cidade, maior privilégio é participar do ritual em toda sua amplitude, desde o Domingo da Páscoa até o Domingo do Senhor com a “Derrubada do Mastro”.

Xale no ombro e vestida de branco, lá vem Tia Venina bailando e puxando seus versos ladrões, enquanto a macura esquenta os angicos que tocam ou dançam por todo lugar, lembrando do tempo em que os rapazes entravam dançando, subiam à torre e batiam o sino da Igreja de São José exauridos de felicidade.

Zelar por esta Cidade é zelar pela cultura, pelo povo, pela continuidade de tudo aquilo deixado aqui pelos antepassados, sem que para isto puxe-se o breque do desenvolvimento, pois um povo só é reconhecido pelo que mostra que é e, não pelo que demonstra ser, principalmente se faz isso em busca de reles reconhecimento.

ALUSÃO

Cansado,
Sob a marquise do silêncio,
Tento ler em teus olhos
Palavras que não me dizes,
Talvez para não machucar-me
E isto me deixa triste,
Por não saber responder
Ao que não pude escutar.

De longe,
Sob o gelo que me atiras,
Tento encontrar no pensamento,
Palavras que possam explicar-me
O trato que estou recebendo,
Mas como não chego a um termo,
Divago entre o sano e o insano,
Tentando em vão conquistar-te.

INDEFINIÇÕES

Enquanto morre a esperança
E o verde perde sua cor brilhante,
Surge inerte, da paz, um lenço branco,
Que já tão úmido ainda enxuga o leito,
De um rio que nasce contra o amor.

Enquanto dorme a branca paz
E a guerra atiça aos corações incautos,
Surgem sempre, do nada, velhas contradições,
Que já de tão podres viram tais paranóias,
De um ser que nasce contra o mundo.