D’águas desta grande às vidas desgraçadas,
Roubam no silêncio os sonhos favelados,
Sem contar com a sorte implora a criancinha,
Gotas de piedade duns tais colarinhos,
Quais doenças todas vindas de enxurradas,
Nadam insorte a esmo aos surtos lhe imputados,
Abrigados aos lobos que lhes escarneiam,
Disputando aos nacos podres que os saciam,
Dos que mandam sempre um pouco do que tem,
Mas a lei arcaica emperra antes que chegue,
Ao bom samaritano a quem se faz chamar,
Ficam com a metade do que aqui chegou,
Se quisera estar à pele de uns carneiros
E ver-se atropelado às pontes deste ovil,
Qual publicidade a muitos sendo usado,
Numa de ajudar, mais nome ao que vier!
Cantos de tragédia, aqui se cantam aos pobres,
Notas de um profundo silvo acalador,
De quem da morte ao dobro sente-se inspirado,
Pouco ainda se importam as falas pela dor,
Deste rio que encanta ao gosto do garimpo,
Ronca Santo Antonio a um palmo de nos dois,
Mas só laranjal se enluta na desgraça,
Só se arreda o pé na última a teimar,
Mesmo que perdido todo o adquirido,
Voltam na vazante tudo a construir,
Qual que obcecado ao cais que se acostumam,
Até prostituir-se a faz profissional,
E aquela criancinha hoje é quase dona
Dum covil que engole a tudo e, muito mais.
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